Impacto da Ética e Tecnologia em Conflitos do Século XXI: O Novo Campo de Batalha
- Nandho Monttnegro
- 10 de set.
- 3 min de leitura

Nos últimos tempos, tenho refletido sobre um tema fascinante e de extrema relevância para a nossa era: o impacto da tecnologia nos conflitos do século XXI. É um campo de estudo que, na minha visão, se torna cada vez mais crucial para entender o cenário de ciberdefesa e segurança global. A constante evolução tecnológica tem redefinido não só como as guerras são travadas, mas também os dilemas éticos que as acompanham.
A Urbanização e a Pulverização dos Conflitos
O estudo para identificar os novos desafios das forças de segurança deve começar, na minha opinião, com uma análise geopolítica abrangente e com uma visão de futuro. No passado recente, testemunhamos combates em montanhas e desertos, mas percebo uma forte tendência na urbanização da população, o que pode levar à criação de "cidades ingovernáveis". O Rio de Janeiro é um exemplo clássico, onde grupos armados se movem entre as comunidades controladas por milicianos e narcotraficantes. Isso evidencia a pulverização dos conflitos, que podem ocorrer entre o Estado e criminosos, ou entre as próprias gangues.
É interessante notar que, há trinta anos, a maioria dos exércitos não estava preparada para confrontos urbanos de baixa intensidade. No Brasil, felizmente, observei uma rápida adaptação das Forças Armadas, com a evolução dos equipamentos, a mecanização de unidades de infantaria e a criação de centros de instrução especializados.
O Dilema Ético da Inteligência Artificial e Drones em Combate
No século XXI, a opinião pública se tornou intolerante com baixas militares, especialmente em operações no exterior, o que gerou questionamentos sobre gastos orçamentários e favoreceu o conceito das Companhias Militares Privadas. Uma das consequências disso foi a necessidade de usar mais tecnologia militar para proteger a vida dos combatentes através de observação aprimorada, ataques remotos e robôs.
A observação em ambientes urbanos é desafiadora, e tecnologias como satélites e drones têm sido usadas para monitorar áreas de intervenção. Além disso, robôs têm sido empregados para preceder o avanço de tropas, localizando e neutralizando dispositivos explosivos e permitindo a visualização dos resultados de ações em campo. Em uma democracia, a grande questão que se impõe é se o uso de robôs é ético.
De fato, não é a mesma coisa enviar um drone para um "bombardeio cirúrgico" do que enviar uma equipe humana. Eu considero que, com um drone, a resposta é mais limitada e menos flexível. Enquanto um piloto de avião pode ter a flexibilidade de parar ou de usar o bom senso até o último momento, um míssil lançado não permite essa interferência. A questão da inteligência artificial aplicada a armas autônomas é um problema moral crescente.
Guerra Eletrônica e a Privacidade
Outro debate ético que se trava, e que muitas vezes é colocado de forma ingênua, é sobre a Guerra Eletrônica. A liberdade para interferir nas comunicações em um teatro de operações externo é muito maior. No entanto, em um cenário de segurança pública dentro de um país, como foi a Intervenção Federal no Rio de Janeiro, as interceptações telefônicas precisam de autorização judicial, o que dificulta o trabalho de inteligência, mas garante a privacidade dos cidadãos. A monitoração de transmissões de rádio já se mostrou muito eficaz, como foi o caso da Operação Arcanjo no Complexo do Alemão.
Percepção Pública e a Liberdade de Ação
Uma tropa que opera fora do território nacional normalmente tem uma liberdade de ação muito maior do que uma que atua em operações de Garantia da Lei e da Ordem dentro do país. A razão para isso é clara: em uma democracia, qualquer resultado, bom ou ruim, terá reflexo nas eleições. E na narrativa que predomina, é sempre preferível que um policial ou militar se exponha a um risco maior do que um civil.
Nandho Monttnegro
Qualquer Missão Em Qualquer Lugar
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