A Estrutura Atual e o Futuro do PCC como Potência Criminal
- Fernando G. Montenegro
- há 17 minutos
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Diversificação de Operações
O Primeiro Comando da Capital (PCC) consolidou-se como a maior organização criminosa do Brasil e uma das mais influentes da América Latina. Sua expansão nacional e internacional foi marcada por estratégias de infiltração, alianças e omissões do Estado. O racha interno na liderança da facção ocorreu em 2002, após o assassinato de Ana Maria Olivatto, advogada e esposa de Marcola, líder máximo do PCC. A morte foi motivada por conflitos pessoais entre familiares de outros fundadores, o que gerou desconfiança e ruptura entre Marcola, Cesinha e Geleião. Marcola manteve o controle da massa carcerária e consolidou sua liderança, enquanto os dissidentes tentaram fundar o Terceiro Comando, sem sucesso. A facção diversificou suas operações e passou a atuar em setores legais da economia. Investigações apontam que o PCC possui motéis, redes de farmácias, casas noturnas, postos de combustíveis e participação em plataformas de apostas online — com suspeita de controle sobre até 40% das bets em operação no país.
Liderança e Riscos Futuros
A presença da facção em áreas nobres, como a região da Faria Lima, já era conhecida antes da operação Carbono Oculto. Apesar da força institucional, não há evidências de vínculos diretos entre o PCC e governos federais. A facção mantém relações com agentes das polícias Civil e Militar, que são cooptados para fornecer informações e facilitar operações. O Estado, por sua vez, falha em investigar seus próprios pares, ignorando sinais evidentes de enriquecimento ilícito entre servidores da segurança pública. A liderança de Marcola permanece intacta, mesmo após décadas de prisão. Sua morte, segundo especialistas, poderia desencadear uma disputa sangrenta pelo poder, com risco de surgimento de facções ainda mais violentas. Tentativas de tomada de controle, como a de Roberto Soriano (Tiriça), resultaram em condenações internas e execuções.
Expansão Contínua e Estratégias
No cenário internacional, a estrutura atual do PCC atua em pelo menos 28 países. Em Portugal, já conta com cerca de mil membros, segundo relatório do SIS de 2023. A facção deixou de apenas enviar drogas para a Europa e passou a operar diretamente na distribuição. Em Trinidad e Tobago, há troca de cocaína por ouro; no Líbano e na Turquia, mesmo sob pena de morte, mantém operações. A relação com os cartéis mexicanos é considerada preocupante, devido à brutalidade dos métodos que podem ser importados. A facção também mantém histórico de treinamento com as Farc colombianas, especialmente em técnicas de sequestro e assaltos a banco. Embora essa relação tenha diminuído, ainda existem conexões pontuais. O futuro do PCC segue em expansão.
A aquisição de estabelecimentos comerciais em Portugal, incluindo imóveis e até investimentos em clubes de futebol, segundo o consultor Roberto Uchôa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela a capacidade da facção de infiltrar-se em setores tradicionais e simbólicos da sociedade. Para especialistas, o céu é o limite: enquanto o Estado mantiver postura reativa e fragmentada, o PCC continuará a crescer, adaptar-se e ocupar novos territórios.
Em agosto de 2025, operações policiais bloquearam US$ 9,6 bilhões em esquemas de combustível ligados ao PCC, destacando sua diversificação em tecnologia financeira. Além disso, a infiltração em serviços financeiros como empréstimos, hipoteca/financiamento imobiliário e crédito permite lavagem de dinheiro eficiente, enquanto conexões com serviços de advogado/procurador e advogado garantem proteção legal. O PCC também explora nichos como seguro para cobrir riscos operacionais, e até programas de graduação/diploma financiados para membros, além de hospedagem de sites para apostas online e processos de reivindicação/sinistro em fraudes. Doações fictícias via campanhas de doação ajudam a mascarar fundos ilícitos.
Fernando G. Montenegro
Qualquer Missão Em Qualquer Lugar










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