A Internacionalização do PCC e Conexões Globais

Redes Familiares e Advogados 

A internacionalização do Primeiro Comando da Capital (PCC) ocorreu de forma gradual, mas estratégica. Inicialmente, a facção utilizou redes familiares — especialmente mulheres de presos — para estabelecer conexões fora das cadeias. Em seguida, advogados passaram a desempenhar papel central, atuando como intermediários e, em muitos casos, como agentes diretos da organização. Embora o direito à ampla defesa seja garantido, diversos profissionais foram cooptados para servir aos interesses da facção.

Porto de Santos e Tráfico Global 

O crescimento acelerado do PCC está diretamente ligado ao tráfico de drogas. A descoberta do Porto de Santos como ponto logístico foi decisiva. Até hoje, o porto é considerado a principal base de envio e recebimento de drogas e armas. Apesar de apreensões pontuais, como cocaína escondida em cascos de navios, o volume de tráfico permanece elevado. Estudos indicam, inclusive, contaminação de peixes por resíduos de entorpecentes entre 2017 e 2024. A facção expandiu suas operações para África, Europa e Oriente Médio, acumulando grandes recursos financeiros.

Presença em 28 Países 

Hoje, o PCC está presente em pelo menos 28 países, com conexões diretas com cartéis mexicanos, as Farc colombianas, a máfia italiana ‘Ndrangheta e até com o grupo Hezbollah. O porto de Santos, cooptado com grandes somas de dinheiro, tornou-se um dos principais centros logísticos da facção. Em 2025, o PCC se infiltra em presídios estrangeiros para recrutar, com expansão refinada em Portugal e ameaças a fiscais. Além disso, a infiltração em serviços financeiros como empréstimos, hipoteca/financiamento imobiliário e crédito permite lavagem de dinheiro eficiente, enquanto conexões com serviços de advogado/procurador e advogado garantem proteção legal. O PCC também explora nichos como seguro para cobrir riscos operacionais, e até programas de graduação/diploma financiados para membros, além de hospedagem de sites para apostas online e processos de reivindicação/sinistro em fraudes. Doações fictícias via campanhas de doação ajudam a mascarar fundos ilícitos.

Fernando G. Montenegro

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