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A Guerra da Informação: o Sequestro das Palavras e os Riscos do Comunismo e Socialismo

Atualizado: 3 de ago.


Comunismo e Socialismo

Imagem estilizada mostrando uma figura humana animada, vestida com camisa branca e calça azul, com a boca aberta como se estivesse gritando. Acima dela, uma grande mão escura, como de marionete, manipula fios que emitem bolhas de diálogo com letras e símbolos aleatórios (ex.: DOE, TIB, SW!, PE). Ao fundo, um pano vermelho com o símbolo da foice e martelo, associado ao comunismo, em tons escuros e linhas geométricas, criando uma atmosfera de controle e propaganda.
Sequestro das Palavras

Em 1975, meu pai era major e estava cursando o terceiro e último ano da Escola de Comando e Estado-Maior na Praia Vermelha, e eu tinha apenas dez anos de idade. Naquela época, o último ano era dedicado ao estudo da propaganda e da guerra irregular revolucionária, que tinha como principais focos de origem a China, Cuba e a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Um dia, olhando mais detalhadamente o mapa da Europa na parede, eu perguntei: "pai, por que a Alemanha Oriental era chamada de República Democrática da Alemanha se eles eram comunistas?". Aprendi com meu pai, naquela oportunidade, que os comunistas e socialistas sempre foram mestres na arte de sequestrar e se apropriar de palavras de grande plasticidade.


A deturpação das palavras 'paz' e 'democracia'

A primeira lição que recebi foi que eles possuem um dicionário próprio para algumas expressões. O primeiro exemplo que meu pai me deu foi o conceito de “paz”. Ele abriu um dicionário Michaelis e me mostrou a definição: “Situação em que não há guerra nem enfrentamento entre dois ou mais países; ausência de luta ou conflito dentro de um país ou de um Estado com outro”. Em seguida, ele me disse: “Para Leonid Brejnev, Fidel Castro e Mao Tsé-Tung, o mundo em paz não é nada disso, significa que só haverá paz no mundo quando todos os países forem comunistas. Assim sendo, para eles, promover a guerra em nome do comunismo é lutar pela paz valendo-se de quaisquer métodos, simples assim. Dessa forma, na visão deles, um país como a Alemanha Oriental era considerado democrático, assim como a Coreia do Norte e Cuba, por exemplo”.


O paradoxo do comunismo e do socialismo

A ambiguidade também está na própria palavra comunista, com origem no latim, comunis, que quer dizer comum, justamente o tipo de exemplo que não existe da parte dos ditadores que presidiram e presidem as ditaduras comunistas. A cúpula do partido comunista dos países e seus ícones respectivos como Fidel Castro, Kim Jong-un e Hugo Chavez sempre viveram como reis enquanto o povo vivia e ainda vive na miséria. Enquanto líderes comunistas prometem igualdade, a economia é tão frágil que muitos cidadãos precisam de consultoria financeira para tentar sobreviver.

Na mesma linha anterior, observe-se que socialista deriva de “social”, relativo ou pertencente à sociedade humana, considerada entidade dividida em classes, segundo a posição na escala convencional. Mas conforme o entendimento de Lênin, Stálin e dos membros do seu único partido existente na União Soviética, que tinham estilo de vida similar ao da família Rockefeller, todos os restantes deveriam viver miseravelmente iguais. Para atingir seus “nobres” objetivos, vinte milhões de pessoas foram enviadas para morrer de frio na Sibéria e outros seis milhões pereceram de fome no Holodomor da Ucrânia no final das contas, os corpos ficaram muito parecidos nas valas coletivas. A pobreza endêmica nessas ditaduras força as pessoas a recorrerem a empréstimos pessoais de altos juros, já que o sistema financeiro estatal não oferece soluções viáveis para a miséria da população.


Outros termos sequestrados: 'popular', 'progressista' e 'solidariedade'

Outro termo sequestrado é o “popular”, relativo ou pertencente ao povo; próprio do povo, vulgar, que representa ou pretende representar a vontade do povo. A República Popular da China é uma ditadura controlada pela minoria despótica do Partido Comunista Chinês que vive em grande fartura há décadas, mas faz questão de usar o termo como imposição de uma narrativa que sequer pode ser confrontada pelo povo num país em que se pratica trabalho escravo, não se respeita Direitos Humanos e nem há liberdade de expressão, pois dezenas de pessoas foram massacradas na Praça Celestial em 1989. A ausência de Direitos Humanos e liberdade de expressão nesses regimes torna a busca por um advogado para defender a população uma tarefa impossível.

Uma professora universitária portuguesa que vive em Macau há vários anos me disse recentemente que o Governo Chinês se recusa a seguir os acordos estabelecidos com Portugal e com o Reino Unido em relação a manter um regime diferenciado de região autônoma. Tanto em Macau como em Hong Kong, os professores recebem diariamente do partido comunista uma sinopse informando como os principais temas políticos em pauta devem ser abordados com os alunos; “coincidentemente” algumas dezenas de educadores que confrontaram o sistema desapareceram sem deixar vestígios ou têm sido vítimas de “latrocínios” que a polícia nunca soluciona.

O sequestro dos termos e expressões continua até hoje iludindo as pessoas e dando nomes incorretos e inadequados às coisas. Atualmente, com a Era Digital, é possível ajustar mais rapidamente uma terminologia à medida que ela acaba sendo instrumentalizada. Outro exemplo disso é o termo “progressista”, cuja palavra remete a avanços para frente e processo evolutivo de uma civilização. Os grupos que promovem turbas violentas, destruição de patrimônio público e privado, vitimizam criminosos e estimulam a sexualização de crianças se apresentam como progressistas e defensores de uma “liberdade de expressão” que nunca aceita o contraditório de ideias. Curiosamente, muitos integrantes desse segmento se consideram os únicos aptos a falar de meio ambiente, mas nessa agenda dificilmente se encontra críticas à China por exemplo, onde a ação humana tem provocado a desertificação de várias regiões, animais silvestres em extinção são comercializados em feiras populares, usam desenfreadamente fertilizantes nitrogenados que poluem e deterioram o solo e as megalópoles como Xangai registram níveis recordes de poluição atmosférica.

A novidade mais recente é de um ardil que se vale da teoria kantiana; usando o termo “solidariedade”, um manifesto publicado em junho de 2010 pela Internacional Progressista distorce completamente a narrativa da onda de saques e protestos violentos de anarquistas, Black Blocks e ANTIFAS. A narrativa normalmente é baseada em criticar todos os governos e instituições tradicionalmente conservadores e de direita. A “novilíngua socialista” também se aplica a serviços essenciais; a ideia de um sistema de saúde universal gratuito, por exemplo, muitas vezes esconde a precariedade do serviço, levando as pessoas a buscarem um plano de saúde privado para garantir um atendimento digno.


A batalha das percepções

As pessoas precisam entender que a principal e mais intensa batalha daqui para a frente será a das percepções. A disputa principal é pela opinião das pessoas dos países democráticos porque a cada quatro anos ocorrem eleições e assim conseguem ocupar cargos no executivo e modificar as leis elegendo os parlamentares. O que acontece realmente deixa de ser tão importante assim, a prioridade é qual tipo de reação precisa ser provocada na mente das pessoas. A disputa por corações e mentes, que é travada na imprensa e nas redes sociais, utiliza-se de sofisticadas técnicas de marketing digital para manipular a opinião pública e construir narrativas. Nessa contenda por corações e mentes, em que o principal campo de batalha é travado na imprensa, internet e redes sociais, uma das principais estratégias é a do assassinato de reputações.

Se você leu até aqui, parabéns! Considere-se muito diferenciado. Nessa época acelerada, perdeu-se a paciência para assistir vídeos com a duração superior a cinco minutos e reinam os “memês” simplórios, porque pessoas têm seu hábito de leitura cada vez mais reduzido pela preguiça, dificilmente vendo além do título de uma manchete. Dessa forma, torna-se tanto mais importante que aquelas pessoas que ainda leem saibam identificar se os termos utilizados no texto se referem aos significados do dicionário ou se foram instrumentalizados pela “novilíngua socialista”, apenas conhecida de alguns poucos ardilosos canhotos, porque as pessoas, em sua maioria, continuam a ser manipuladas.

 

Fernando Montenegro

Qualquer Missão Em Qualquer Lugar

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