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Geopolítica e Perdas Estratégicas: O Custo da Política Externa Brasileira para a Embraer

Uma ilustração representando a tensão geopolítica entre o Brasil e a Polônia. A imagem mostra um mapa do Brasil com um jato da Embraer de um lado de uma mesa rachada, e a bandeira da Polônia com o logo da LOT Airlines do outro. Duas mãos, com as cores de cada país, se empurram sobre a rachadura.

A Embraer, uma das maiores empresas aeroespaciais do Brasil, sofreu um revés significativo ao perder um contrato de US$ 2,7 bilhões com a LOT Polish Airlines. A companhia aérea polonesa optou pelos jatos A220 da Airbus, uma decisão anunciada durante o Paris Air Show, que reflete como a geopolítica pode prejudicar os interesses econômicos do Brasil. O alinhamento da política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com nações como a Rússia e a China lançou uma sombra sobre a capacidade do Brasil de garantir negócios internacionais de alto valor, com a Embraer arcando com as consequências.


O Peso Geopolítico da Diplomacia de Lula

Desde o início de seu terceiro mandato, em 2023, o presidente Lula tem adotado uma política externa marcada por alinhamentos ideológicos que geraram questionamentos nas capitais ocidentais. Sua visita a Moscou em maio de 2025 para participar das celebrações do Dia da Vitória ao lado de Vladimir Putin, combinada com sua postura neutra em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia, prejudicou a credibilidade do Brasil entre os membros da OTAN, como a Polônia.

O governo polonês, um forte apoiador da Ucrânia e aliado-chave da OTAN, parece ter levado em consideração esses fatores ao favorecer a Airbus em detrimento da Embraer. O contrato não foi perdido por motivos técnicos ou financeiros, já que a proposta da Embraer era competitiva e poderia economizar “milhões de euros” para a LOT Polish Airlines. No entanto, como o CEO da LOT, Michal Fijol, insinuou, a Airbus “queria mais”, apontando para considerações políticas mais profundas. O alinhamento da Polônia com a União Europeia e sua sensibilidade à agressão russa tornaram a parceria com o Brasil menos atraente, dado o aparente alinhamento de Lula com Putin e sua visita ao presidente chinês Xi Jinping.

Implicações Além da Aviação Comercial

As consequências dessa perda vão além da Embraer. Como principal exportadora de produtos de alta tecnologia do Brasil, a Embraer é um pilar da economia nacional. Perder um contrato dessa magnitude, que poderia ser expandido para dezenas de outras aeronaves, representa uma oportunidade perdida de fortalecer a posição global do Brasil no setor aeroespacial. Além disso, a decisão pode sinalizar a outros mercados da UE que as considerações geopolíticas podem superar os méritos técnicos ao negociar com empresas brasileiras.

A divisão militar da Embraer também sofreu um revés na Polônia, onde o governo escolheu o C295 da Airbus em vez do cargueiro C-390 Millennium para a modernização de sua frota militar. Apesar das vantagens técnicas do C-390, a Polônia priorizou a continuidade com sua frota Airbus existente e o alinhamento com fornecedores europeus. Essa decisão destaca como a política externa de Lula, especialmente sua recusa em condenar inequivocamente as ações da Rússia na Ucrânia, pode estar afastando parceiros-chave nos mercados de defesa e aeroespacial.


Um Ponto Positivo em Meio aos Desafios

Apesar desses contratempos, a Embraer garantiu um contrato de US$ 3,6 bilhões com a SkyWest Airlines para 60 jatos E175, com opção para mais 50. Esse acordo demonstra a resiliência e a competitividade da empresa mesmo diante de ventos geopolíticos contrários. No entanto, o contraste entre o sucesso com a SkyWest e o fracasso com a LOT destaca o impacto desigual da política externa do Brasil em sua empresa carro-chefe. A Embraer pode fechar negócios em mercados menos sensíveis, como a América do Norte, mas o crescente alinhamento da Europa com a OTAN e a UE apresenta um cenário mais desafiador.


O Caminho a Seguir

A perda do contrato com a LOT serve como um alerta para a liderança do Brasil. A política externa de Lula, movida por laços ideológicos com a Rússia e a China, arrisca isolar o Brasil de mercados estratégicos em um momento de polarização global. Para que a Embraer mantenha sua vantagem na Europa, o Brasil deve recalibrar sua diplomacia para priorizar os interesses econômicos acima das posturas ideológicas. Isso significa adotar uma abordagem mais pragmática que evite alienar parceiros-chave como a Polônia.

Com a possibilidade de uma candidatura à reeleição em 2026, o governo precisa reconhecer que sua política externa tem consequências econômicas tangíveis. A derrota da Embraer na Polônia é um lembrete de que erros diplomáticos podem custar bilhões e enfraquecer os campeões industriais do Brasil. Para proteger seus interesses, o Brasil deve equilibrar suas parcerias globais com um compromisso claro com os valores e preocupações de segurança de seus parceiros comerciais.


O Efeito Cascata da Lei Magnitsky: Por que a Embraer pode ser afetada

A aplicação da Lei Magnitsky contra ministros do STF pode gerar efeitos indiretos preocupantes para empresas brasileiras com forte presença internacional, como a Embraer. Como a legislação prevê sanções financeiras e restrições de acesso ao sistema bancário global, há receio de que o ambiente regulatório brasileiro seja visto como instável ou politicamente contaminado, o que poderia afetar a confiança de investidores estrangeiros e parceiros comerciais. A Embraer, que depende de contratos com governos e empresas nos Estados Unidos e Europa, pode enfrentar maior escrutínio em auditorias de compliance e due diligence, além de possíveis entraves em negociações que envolvam financiamento internacional ou cooperação tecnológica. Embora não haja sanções diretas à empresa, o clima de tensão institucional pode repercutir negativamente na percepção de risco do Brasil como mercado estratégico.


Fernando Montenegro

Qualquer Missão Em Qualquer Lugar

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