Um Monumento nos Céus: Paraquedismo - A Força Coletiva por Trás do Novo Recorde Sul-Americano
- Fernando Montenegro
- 1 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de ago.
Um universo além do salto

No imaginário popular, o paraquedismo é frequentemente reduzido ao ato de coragem de saltar de um avião. Contudo, essa visão simplista ignora a profunda complexidade de um esporte com diversas disciplinas. Existe um verdadeiro leque de modalidades, como a Formação em Queda Livre (FQL), a arte de construir figuras em conjunto; o Freefly, um balé aéreo tridimensional de alta velocidade; o voo de performance com Wingsuit, que simula o planar dos pássaros; e a Pilotagem de Velames, onde a perícia se demonstra em pousos rasantes e precisos. Dentro deste universo, as "Grandes Formações" representam o desafio supremo de sincronia e trabalho em equipe, exigindo que um vasto número de atletas execute uma coreografia aérea complexa e previamente definida com perfeição milimétrica.
A nova marca sul-americana
Foi exatamente nesse campo, o mais exigente em termos de colaboração, que um grupo de sul-americanos estabeleceu um novo paradigma.
Em 20 de junho, o céu da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, serviu de palco para uma demonstração histórica de habilidade e determinação. Um contingente de 104 atletas do continente, articulado pelo projeto Team of Teams, estabeleceu o novo Recorde Sul-Americano de Grandes Formações. Reduzir esta façanha a uma mera cifra, no entanto, seria um equívoco. O que aconteceu na Skydive Paraclete XP foi a materialização de um processo intenso, que durou uma semana inteira e culminou no sucesso após a nona decolagem oficial.
Desafios superados em busca da perfeição
A saga para alcançar a formação perfeita foi marcada por adversidades que testaram a fibra de cada participante. A equipe suportou temperaturas elevadas, longos períodos de espera no solo e interrupções causadas por condições meteorológicas desfavoráveis. A logística de operar com cinco aeronaves simultaneamente e os efeitos da rarefação do oxigênio em altitude desafiavam a fisiologia e a concentração. Ainda assim, a cada tentativa, a capacidade de superação do grupo se mostrava mais forte, e a disciplina coletiva, inabalável.
A força da liderança e da união
Essa coesão não surgiu espontaneamente. Foi forjada por uma liderança exemplar. Sob a visão estratégica de Carmem Pettená, a batuta técnica de Ricardo Pettená e o desenho preciso da formação por Rogério Martinati, uma equipe de capitães trabalhou incessantemente. Analisando cada salto, comunicando ajustes e, acima de tudo, nutrindo a moral do time, eles transformaram 104 vontades individuais em uma entidade única e focada.
Um momento de união sublime
O ápice dessa jornada, segundo o relato de inúmeros participantes, foi um momento que beirou o sublime. No instante em que a figura de 104 pessoas se completou no ar, uma quietude profunda e partilhada tomou conta de todos. Muitos descrevem uma corrente invisível de coesão, uma conexão que ia além da técnica e da comunicação visual. Esse clímax emocional, essa percepção de unidade absoluta, representa o verdadeiro espírito do esporte.
O legado do paraquedismo sul-americano
Portanto, este recorde é muito mais do que um feito atlético; ele é a consequência direta do amadurecimento do paraquedismo sul-americano. A iniciativa "Team of Teams", que congregou atletas de Brasil, Argentina, Chile, Equador, Paraguai e Uruguai e uniu diferentes escolas de pensamento, como as dos grupos BrDT, Prime e Skydive University, comprova um novo patamar de gestão horizontal e cooperação.
Mais do que números, o projeto serviu de ponte entre diferentes gerações, fortaleceu laços e abriu espaço para novos protagonistas. A figura desenhada no céu não foi efêmera. Ela deixa um legado poderoso de colaboração, resiliência e excelência, um símbolo que certamente ecoará e motivará as futuras gerações de paraquedistas em todo o continente.
Fernando Montenegro
Qualquer Missão Em Qualquer Lugar
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